quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"2001"- Uma odisséia para entender...


Depois de muita insistência de meu pai, assisti à "2001". Durmi umas 4 vezes, demorei 2 dias pra ver inteiro, mas é um ícone né? É daqueles que tem que ver. Quando ele chegou no meio mais ou menos é que eu saquei qual é a do filme. Depois que acabou , fiquei um dia inteiro na internet procurando explicações , interpretações. Fiquei realmente encucada e admirada. Na faculdade surgiu a oportunidade de escrever sobre ele, então fiz esse texto, não tem graça, mas eu sempre quis postar alguma coisa sobre esse filme. Quem assistiu por favor dê pitaco.



É lento, arrastado, cansativo, as vezes chato e a maioria dos que assistem não conseguem o fazer sem dar uma cochiladinha entre uma sequência e outra. Porém com todos esses adjetivos, a ficção científica “2001 – Uma odisséia no espaço” (1968), de Stanley Kubrick, consegue ser uma das maiores obras-primas da história do cinema. É lento porque é complexo, é cansativo porque exige cérebro, é chato porque seu tempo é outro, sem imediatismos. Com 139 minutos e apenas 40 de diálogo, “2001” mostra a evolução da raça humana desde seus antepassados, os macacos, até a era da tecnologia, o século XXI (inclusive, é o maior corte temporal da história do cinema, Kubrick sai da pré-história para este século em um instante).

Passados 40 anos do seu lançamento, o filme ainda é motivo de discussão porque é uma obra em que varias interpretações e reflexões são possíveis, de modo que por mais que algumas sejam muito plausíveis, nenhuma é certa. E não é para ser. É tudo uma provocação para a mente.

Outros trunfos atribuídos a obra são a trilha sonora e os efeitos especiais. Composta de músicas clássicas, a trilha cria uma atmosfera em que as naves parecem dançar no espaço. Sem computadores pra efeitos, Kubrick faz milagre ao conseguir reproduzir um espaço totalmente crível e belo.

Para tratar da evolução do homem, Kubrick retrocede à pré-história e mostra como tudo começou. Depois de um monólito ser colocado misteriosamente no meio de um bando de macacos, um deles, não se sabe se por sua curiosidade natural ou pelo monólito em si, descobre que um pedaço de osso pode ser uma ferramenta e um instrumento de dominação. A partir daí o mundo nunca mais será o mesmo e dá-se inicio a “evolução” (entre aspas mesmo).

Essa “evolução” faz o macaco transformar-se em homem e chegar até o século XXI, no momento máximo de sua inventividade tecnológica. É neste momento que os papéis começam a se inverter. Se computadores e máquinas foram criados para serem ferramentas do uso humano, agora estas máquinas são tão auto-suficientes e inteligentes que precisam dos humanos apenas como técnicos de manutenção, como ferramentas. Parece que voltaram à sua essência de macacos. E é aí que se dá o conflito do filme, a luta entre o homem e a máquina.

Esta máquina é o computador HAL 9000, que acaba fazendo o papel de bandido. Na "missão Júpiter" HAL é o controlador da nave espacial.Depois de identificar um erro de HAL, a tripulação resolve desligá-lo. Porém, o computador pensa que está vivo e não permite tal idéia. Nesta batalha, o homem acaba por vencer matando HAL com a mais simples das ferramentas: a chave de fenda. É engraçado perceber como o computador é humanizado, com direito a desejos e personalidade próprios, enquanto os membros da tripulação são reduzidos a animais irracionais, sendo tratados com desdém por HAL.

Agora o homem encontra-se sozinho no espaço com a morte se aproximando.

No final do filme, com uma sequência um tanto psicodélica, Kubrick coloca o homem de frente com a sua própria morte, da qual sua evolução tecnológica não o fez escapar. E então finaliza o filme de forma intrigante: sugere que o desprendimento do corpo físico liberta a alma para a imortalidade, fazendo com que este seja o ultimo passo na historia da evolução.

Bom, isso não deixa de ser um palpite, já que qualquer outra interpretação é possível. Essa luta homem-máquina existiu? Existirá? Existe? E os homens, deixarão de ter seu corpo físico no futuro? E o monólito? O que é afinal? Um Deus? Um ET? O controlador do universo? Muitas perguntas, poucas respostas. É, a graça é essa.

3 comentários:

  1. Tenho medo de ver alguns filmes. Este é um deles. Mas imagino, só pelo título e só pelo que você escreveu, que rola uma metáfora. Que esta nave é a Terra! Que a Terra está indo pra um lugar que não temos a mínima idéia! Que estamos soltos no Universo! OUCH! rs bjs!

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  2. Concordo com tudo que você disse. Provavelmente, eu falaria mais, mas ando cansado do cinema -- não me pergunte como isso aconteceu, nem eu sei direito, embora tenha algumas hipóteses, faz mais de 5 meses que eu não vejo um filme.

    Agora, talvez ter a oportunidade de ver 2001 numa tela grande me animasse. Aquilo é realmente um filme pra ser ver no cinema, nada dessas coisas aí que ficam bem na minha TV de 29 polegadas e tela com barriguinha de cerveja. Todo o efeito deve aumentar em proporção à telona e à sala de exibição, não acha?

    Um dos últimos filmes que vi, por coincidência, também está ligado à "evolução". Chama-se A Guerra do Fogo, do canadense (?) Jean-Jacques Annaud. É uma fita -- olha só você! -- sobre a pré-história. Annaud defende uma heteredoxa teoria (depois, uma antropóloga me contou que a obra causou um frisson entre os intelectuais evolucionistas) de que, na nossa linha evolutiva, não houve aquela escadinha do australopithecus ao homo sapiens, aquela que fica tão bem em camisetas. Pelo contrário, eles coexistiram e as diferentes espécies acabaram se cruzando.

    O filme é uma espécie de história de amor entre um homo habilis (?) e uma homo sapiens. Uma das cenas inesquecíveis é quando ela, na hora do sexo, sai da posição animalesca para encará-lo olho nos olhos. De arrepiar. De motor da trama, a guerra pelo fogo.

    Mas o mais louco de tudo isso é que o filme não tem diálogo NENHUM. Só grunidos representando as primitivas linguagens e que foram elaborados por, nada mais, nada menos, que Anthony Burgess, o cara que escreveu Laranja Mecânica. Oh, yeah, babe.

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  3. Podemos dizer que por ser uma obra de Kubrick! Já diz muito , é o que você disse Monica , nunca vi todo o filme para falar ou comentar sobre , mais respeito sua idéia e com certeza escreveria algo bem parecido = ] !! Siga meu blogg

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